domingo, outubro 16, 2011

O legado de um grande pianista


Mais uma edição que assinala os 200 anos de Liszt. Aqui evocando o seu legado enquanto pioneiro na expressão do pianista como figura de protagonismo maior. E numa caixa de 10 CD recordam-se gravações de cinco grandes pianistas. Ou seja, cinco herdeiros de Lizst... 

Uma efeméride é muitas vezes palco para uma mão cheia de edições discográficas. E tal como há um ano aconteceu com Mahler, a obra de Franz Lizst (1811-1886) tem sido visitada por sucessivas edições e reedições, levando a disco registos de uma diversidade de obras de sua autoria, de peças orquestrais a obras para piano. The Liszt Legacy é uma proposta diferente. Toma Liszt como figura central não enquanto compositor, mas antes evocando os seus dotes de virtuoso para piano, a criação de um novo modelo de pianista enquanto “estrela” e da noção de recital para este instrumento como um novo (e importante) espaço desde então presente no calendário de salas de concerto.

Procurando registos gravados entre o seu vasto catálogo, a Deutsche Grammophon junta assim uma série de gravações, todas inéditas em CD, algumas na verdade nunca antes sequer editadas em disco. Este é o caso em concreto dos dois discos dedicados a Claudio Arrau (1903-1991), cujas interpretações de obras de Beethoven e Chopin, registadas em 1954, permaneciam nos arquivos da editora, sem que nunca mais ninguém as tivesse escutado. A estas gravações juntam-se interpretações assinadas por nomes como Alicia de Larrocha (1923-2009) – que interpreta peças de Turina, Granados, Mompu, em gravações de 1955 e 56 – Raymon Lewenthal (1923-1988) – que toca Scriabin, Saint Saëns, Mendelssohn, Rachmaninov, Schumann, Alkan, Czerny, Della Ciaia, Bach, Prokofiev, Debussy, Ravel, Zhelobinsky, Rubinstein, Massanet, Menotti, Liszt e uma peça da sua própria autoria, gravadas em 1957 – Benno Moseiwitsch (1890-1963) – ao som de Schumann, Mussorgsky e Beethoven, em gravações de 1961 – e Egon Petri (1881-1962) – que interpreta peças de Mendelssohn, Gounod, Beethoven, Liszt, Busoni, Bach e Buxtehude. Clássicos maiores da música para piano, por pianistas célebres do catálogo da Decca, da Deutsche Grammophon e da Westminster Records. Celebrando um modelo que definiu, em grande parte, a forma como desde então o piano vive um espaço de considerável entre os espaços (dos palcos aos discos) da música clássica.