1959 – BEN-HUR, de William Wyler
A relação entre o judeu Ben-Hur (Charlton Heston) e o romano Messala (Stephen Boyd) entrou para a história da cinefilia queer como um caso que envolve, de uma só vez, a sugestão erótica e a ambivalência figurativa. O escritor Gore Vidal, um dos argumentistas (não creditado no genérico), recordou a situação no documentário The Celluloid Closet, de Rob Epstein e Jeffrey Friedman [video]. Não se tratou de criar um aparato panfletário (em boa verdade, tematica e esteticamente inconcebível em Hollywood de finais dos anos 50), mas sim de jogar com as convenções da superprodução épica (e bíblica!) para introduzir algumas nuances que contaminam o essencial. A saber: os corpos e os olhares dos actores. Olhando agora para estas imagens, deparamos com uma subtil perturbação dos códigos masculinos dominantes na época que talvez não possa ser separada de toda uma reconversão da(s) sexualidade(s) que os filmes também começavam a integrar. Veja-se, nos nossos dias, a admirável memória crítica dessa mesma época que é a série Mad Men.
[colaboração com O Sétimo Continente]