domingo, setembro 18, 2011

7 memórias queer (1)


1935 – SYLVIA SCARLETT, de George Cukor

Se é verdade que existe uma paisagem queer no interior da história do cinema, talvez seja necessário descrevê-la como algo mais do que um capítulo dedicado a outro(s) sexo(s). Porquê? Porque a própria sensibilidade queer resiste a essa catalogação fechada: há nela um desejo de pluralidade que, através da sexualidade, nunca é estranho à proliferação das formas & narrativas. Katharine Hepburn, em Sylvia Scarlett, talvez possa ser um caso emblemático. Poderemos “contextualizá-lo” a partir da homossexualidade de George Cukor e da forma discreta como ele a viveu nas suas gloriosas décadas de Hollywood. Mas o enquadramento “biográfico” não basta. O que mais conta é que, nesta aventura visceralmente romântica, a passagem de Sylvia (Hepburn) para “Sylvester” actua nesse lugar sempre exposto que é o corpo do actor, aliás, da actriz. E ficamos a saber que a identidade de Sylvia integra todas as ambivalências que nela habitam.


[colaboração com O Sétimo Continente]