O mundo multifacetado do futebol (incluindo, naturalmente, a imprensa desportiva) conserva esse poder insólito de preservar uma certa função social da palavra “povo”. Mais do que isso: como se prova pela edição de hoje do jornal A Bola, “povo” continua a rimar com “alegria” (arrastando ressonâncias míticas e simbólicas mais ou menos brasileiras).
Há qualquer coisa de pueril, ou apenas de distraído, neste estilo: as palavras devoram as coisas que nomeiam e, em boa verdade, no Portugal culturalmente exangue de 2011, aplicar deste modo a palavra "povo" corresponde a um esforçado exercício de esoterismo intelectual — precisamente aquilo que, quase sempre, esta cultura ("popular") tende a repelir ou ostracizar.
Há qualquer coisa de pueril, ou apenas de distraído, neste estilo: as palavras devoram as coisas que nomeiam e, em boa verdade, no Portugal culturalmente exangue de 2011, aplicar deste modo a palavra "povo" corresponde a um esforçado exercício de esoterismo intelectual — precisamente aquilo que, quase sempre, esta cultura ("popular") tende a repelir ou ostracizar.