sexta-feira, julho 08, 2011

A ditadura televisiva de "Harry Potter"


Que notícias fazem a actualidade do cinema mundial? Muitas, como sempre. E não poucas têm a ver com as suas componentes mais populares. Três exemplos:
a) - foi divulgada a constituição do júri de um dos maiores festivais do mundo, o de Veneza, com Darren Aronovsky a presidir.
b) - uma das mais míticas comédias românticas, Breakfast at Tiffany's/Boneca de Luxo, com Audrey Hepburn, faz 50 anos e a Academia de Hollywood celebra a data com a tiragem de uma nova cópia digital.
c) - um pouco por todo o lado (incluindo o mercado português), começou a surgir o Blu-ray com o novo e espectacular restauro digital de Taxi Driver (1975).

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Face a isto, que fazem os telejornais? O habitual: quase não dão notícias de cinema... Com uma excepção: realiza-se em Londres a ante-estreia do novo Harry Potter e, subitamente, parece que, finalmente, algo aconteceu no cinema!
Não está em causa que o acontecimento justificava cobertura jornalística. O que está em causa, isso sim, é que na informação televisiva predomina uma demissão informativa que cede a todas os mecanismos ditatoriais do marketing internacional de alguns filmes.
Aliás, tal demissão é cega em relação à própria dinâmica televisiva: já alguma televisão destacou, tal como fez com Harry Potter, o facto de ter sido anunciada a produção de novos episódios da série Dallas? (E não nos venham dizer que Dallas é um fenómeno esotérico que só interessa a 17 empedernidos intelectuais...).