domingo, maio 15, 2011

Cannes 2011: a normalidade monstruosa


Um adulto e uma criança passeiam em ambiente mais ou menos bucólico... Uma cena aparentemente normal daquilo que é, de facto, uma situação de pedofilia — no filme Michael, primeira realização do austríaco Markus Schleinzer, as aparências do quotidiano são o primeiro e paradoxal sintoma de uma monstruosidade que desconhece todas as barreiras. Aconteça o que acontecer no palmarés do 64º Festival de Cannes, este filme ficará como uma das grandes revelações do certame e, por certo, um dos que se revela mais capaz de discutir as formas de percepção/representação do mundo. Pormenor a sublinhar: Schleinzer vem de uma escola de realismo austero, tendo trabalhado como director de casting para Michael Haneke, em O Laço Branco.