domingo, março 13, 2011

Radiohead + R.E.M.: contra o sincronismo


Vivemos um tempo de instrumentalização iconográfica dos corpos. Na publicidade, antes do mais, onde predominam os corpos "metafóricos", anulados na sua fusão com os próprios objectos de consumo (exemplo: jovens + telemóveis). Mas também na informação televisiva, apagando as singularidades individuais em todas as apoteóticas generalizações ("crise", "geração", etc.).
Por vezes, encontramos bolsas de resistência nos... telediscos. Estes dois, por exemplo, dos poucos que em tempos recentes conseguem resistir aos muitos modelos de formatação (visual, ideológica, etc.) mais ou menos sancionados pela MTV:

* LOTUS FLOWER, dos Radiohead — real. Garth Jennings.

* ÜBERLIN, dos R.E.M. — real. Sam Taylor-Wood.

O que os une é o maravilhoso assincronismo dos seus corpos: no primeiro, é o próprio Thom Yorke, vocalista da banda, que ensaia um número de dança que parece conjugar-se com a canção, ao mesmo tempo dela se autonomizando até ao puro anarquismo burlesco; no segundo, Aaron Johnson (namorado da realizadora) percorre uma série de ruas como quem cumpre um ritual de desconcertante celebração de energia.
Os resultados, tão misteriosos quanto envolventes, são breves exercícios ficcionais que se aproximam do conceito de performance tal como, por vezes, tem sido praticado nas artes plásticas: são histórias incompletas sobre o corpo e as suas ideias — coisa rara e preciosa nesta época de hedonismo pueril.

Radiohead, Lotus Flower

R.E.M., Uberlin

>>> Sites oficiais das bandas: Radiohead + R.E.M..