Digamos que é a primeira estreia "escondida" do ano de 2011. Porquê? Porque Que Mais Quero Eu (Cosa Voglio di Più), de Silvio Soldini, não é um objecto privilegiado em termos de mercado, sofrendo os efeitos de desgaste das grandes máquinas promocionais (o que, entenda-se, não exclui que O Turista, com Angelina Jolie e Johnny Depp, precisamente uma dessas máquinas a estrear também esta semana, seja um saboroso retorno à comédia policial "à la Hitchcock").
Registemos, por isso, para já:
1) - a renovada vitalidade de um cinema italiano que sabe recuperar a (sua) grande tradição de melodramas familiares e, em particular, conjugais;
2) - o modo como esse cinema se apoia numa notável galeria de actores, neste caso com destaque para Alba Rohrwacher (que vimos em Eu Sou o Amor, de Luca Guadagnino) e Pierfrancesco Favino (um dos protagonistas de O Milagre em Sant'Anna, de Spike Lee);
3) - enfim, o desejo de que haja no mercado mais títulos italianos a reflectir esta vitalidade, em particular o fabuloso La Nostra Vita, de Daniele Luchetti, a meu ver o melhor filme da secção competitiva de Cannes 2010.