segunda-feira, janeiro 24, 2011

Um músico chamado Clint Eastwood


Em Outra Vida/Hereafter, o nome de Clint Eastwood surge duas vezes no genérico: como realizador e compositor — este texto foi publicado no Diário de Notícias (20 de Janeiro), com o título 'Um cineasta que compõe bandas sonoras'.

A delicada música do filme Outra Vida foi composta por... Clint Eastwood. Versatilidade? Sim, sem dúvida, até porque estamos perante um cineasta que sempre manteve uma relação apaixonada com a música, assumindo-se mesmo como obstinado pianista “amador”. Afinal de contas, há no seu trabalho um entendimento da narrativa cinematográfica como um exercício de musicalidade que depende de vários factores, incluindo os elementos da respectiva ambiência sonora.
Nada de novo, na verdade. Desde logo porque podemos recordar dois ou três momentos da filmografia de Eastwood que atestam o seu amor pela música e, em particular, pelos universos do jazz e blues. Foi ele que realizou Bird [cartaz] (1988), por certo o mais belo filme que já se fez sobre Charlie Parker. Foi também ele que participou na série de The Blues (2003), produzida por Martin Scorsese, dirigindo o episódio Piano Blues em que, dialogava, entre outros, com Ray Charles, Dr. John e Dave Brubeck. Além do mais, encontramo-lo como protagonista e realizador de Honkytonk Man (1982), drama sobre um cantor country, interpretado também pelo seu filho, Kyle Eastwood.
Nos últimos anos, Eastwood tem assinado várias canções dos seus filmes (por exemplo em As Pontes de Madison County, 1995). Além disso, compôs os temas instrumentais de Mystic River (2003) Million Dollar Baby (2004), Bandeiras dos Nossos Pais (2006) e A Troca (2008). Mais recentemente, produziu o documentário Dave Brubeck: In His Own Sweet Way (2010), dirigido por Bruce Ricker.