Ainda a propósito da estreia de O Mágico, de Sylvain Chomet, mais um dos nossos visitantes fez-nos chegar novos dados a reter. Transcrevemos uma parte do seu mail:
"(...) embora seja muito verdade que Coimbra não é das cidades portuguesas com maior oferta cultural, quanto mais cinematográfica, o filme 0 Mágico foi projectado pelo menos uma vez, aquando do Ciclo de Cinema Francês, no Teatro Académico Gil Vicente. Efectivamente, é de sublinhar a posição desta entidade académica que, no fraco panorama municipal, tenta sempre manter alguma oferta e abrangência. Foi nesta sala que filmes como Joy Division, de Grant Gee, I'm Not There e muitos outros que passaram despercebidos pelo cinema de centro-comercial, foram apresentados à cidade. Também são de notar iniciativas como a do Cineclube Fila K, ou a do Núcleo da Cidade Muralhada, ambos responsáveis pela manutenção de ciclos de cinema regulares, e com boa programação, mas sempre com rara audiência. Assim, noto que é muitas vezes uma inércia, talvez inerente ao nosso povo, ou ainda mais aos habitantes desta cidade, que alia uma falta de procura a uma parca oferta. Nestes casos, não podemos assumir-nos vítimas absolutas.
Guilherme Queiroz
Para além das naturais nuances na forma de avaliar uma situação específica (a difusão cinematográfica numa cidade como Coimbra), este é um ponto de vista complementar que ajuda a situar uma outra dimensão do problema, obviamente nacional: a das salas e circuitos "alternativos". Sem menosprezar a importância de questionarmos as dinâmicas dominantes do mercado, vale a pena recordar que 2010 foi também o ano de uma experiência inovadora do cinema português — a distribuição autónoma de Filme do Desassossego, de João Botelho —, a provar que é possível, pelo menos, contrariar algumas formas de inércia dos circuitos "tradicionais".
Agradecemos as contribuições dos nossos visitantes.