quarta-feira, outubro 27, 2010

A morte portuguesa da política

GERHARD RICHTER
29 Nov. 1999

Se não está a acontecer uma morte da política portuguesa, está por certo a desenhar-se o cenário funesto de uma morte portuguesa da política. Dito de outro modo: as entidades políticas, nomeadamente os partidos, estão de facto a gerir os destinos do país ou apenas a travar um combate de luta livre que elegeu as televisões como arena única e unívoca? E as televisões, nomeadamente os seus jornalistas, têm consciência do modo como tal processo de histérica e continuada mediatização vai estreitando as hipóteses da própria política?
Dito ainda de outro modo: entre os protagonistas, políticos e jornalistas, quem acredita que o que está a acontecer consegue mobilizar os 4 ou 5 milhões de eleitores que escolheram a abstenção nos últimos actos eleitorais? E por que é que em tantos debates saturados de índices, estatítiscas, cifrões e percentagens, ninguém cita esses números?