quarta-feira, outubro 27, 2010

Pamela Anderson como imagem da PETA


As campanhas de defesa dos direitos dos animais da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) reflectem uma consciência muito aguda dos poderes das imagens contemporâneas — ou dos poderes contemporâneos das imagens. Assim, não é forçoso sermos vegetarianos para reconhecermos a inteligência com que nelas se baralham (e voltam a dar...) algumas formas da iconografia de massas. Este é mais um esclarecedor exemplo dessa capacidade, envolvendo de novo Pamela Anderson, uma aliada regular da PETA, nomeadamente nas campanhas de defesa dos animais abandonados.
A catalogação do corpo da estrela como um animal do talho — com "as mesmas partes" — joga de modo calculadamente perverso com a sua condição lendária de "Playmate" do Playboy (vai, aliás, voltar à respectiva capa na edição de Janeiro de 2011), por assim dizer confrontando a materialidade mais crua com a abstracção mitológica — é uma imagem que não se aquieta em nenhuma simbologia fechada e isso, como é óbvio, amplia o seu poder de desafio e perturbação.