As campanhas de defesa dos direitos dos animais da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) reflectem uma consciência muito aguda dos poderes das imagens contemporâneas — ou dos poderes contemporâneos das imagens. Assim, não é forçoso sermos vegetarianos para reconhecermos a inteligência com que nelas se baralham (e voltam a dar...) algumas formas da iconografia de massas. Este é mais um esclarecedor exemplo dessa capacidade, envolvendo de novo Pamela Anderson, uma aliada regular da PETA, nomeadamente nas campanhas de defesa dos animais abandonados.
A catalogação do corpo da estrela como um animal do talho — com "as mesmas partes" — joga de modo calculadamente perverso com a sua condição lendária de "Playmate" do Playboy (vai, aliás, voltar à respectiva capa na edição de Janeiro de 2011), por assim dizer confrontando a materialidade mais crua com a abstracção mitológica — é uma imagem que não se aquieta em nenhuma simbologia fechada e isso, como é óbvio, amplia o seu poder de desafio e perturbação.