terça-feira, outubro 19, 2010

Artur Pizarro revisitando Chopin


Realizaram-se já, no Centro Cultural de Belém, os dois primeiros concertos dos nove que darão a ouvir o ciclo integral da obra para piano de Fryderyk Chopin (30 Set. e 14 Out.), interpretada por Artur Pizarro. Como é óbvio, o acontecimento — ligado às comemorações do bicentenário do nascimento do compositor — permite, antes de tudo o mais, uma fascinante percepção de conjunto. Aliás, esse aspecto é tanto mais importante quanto Pizarro teve o cuidado de organizar os concertos segundo uma lógica tão linear quanto possível, propondo sucessivos blocos de datas, sublinhando factores de contemporaneidade e evolução das obras (os dois primeiros concertos evocaram os períodos 1817-1829 e 1827-1934). Para além disso, trata-se de mostrar como a sempre espantosa riqueza melódica de Chopin está longe de esgotar um património que pode ser lido também como um processo de pesquisa e elaboração de uma identidade assombrada pela ansiedade, e também pela discreta felicidade, da demanda romântica. É uma aventura para reviver no CCB, uma vez por mês, até Maio de 2011.