terça-feira, setembro 21, 2010

Veleidades do "futebolês"

REMBRANDT
As três cruzes (esboço)
1653

De que falamos quando falamos de futebol? E como falamos? -- este texto integrava uma crónica de televisão publicada no
Diário de Notícias (17 de Setembro).

Em televisão, não é fácil ter um discurso gramaticalmente equilibrado (sei-o pelos meus muitos erros). Em especial num jogo de futebol: os lapsos são parte natural da dificuldade específica de tal tarefa. Ainda assim, a consagração do erro não é um bom princípio. Depois do “à última da hora” (já quase ninguém diz o correcto “à última hora”), assistimos agora ao triunfo de um novo (?) sentido para a palavra “veleidades”. Deixou de ser sinónimo de assomo de presunção (“ter a veleidade de”) para surgir como... hipótese de facilidade (“a equipa não deu veleidades ao adversário”). Porque é que o disparate consegue impor a sua lei?