A imagem e o seu impossível — nós, eu. Ele.
Duas primeiras e didácticas impressões:
— Filme do Desassossego, de João Botelho, é uma espantosa viagem através da escrita de Fernando Pessoa/Bernardo Soares, desenhando a paisagem cinematográfica de uma demanda que nunca se aquieta em nenhum símbolo equivocamente universal, em nenhuma linguagem supostamente neutra — aqui, o império da televisão não tem poder.
— Filme do Desassossego é também uma aposta, radical e desconcertante, num esquema de difusão assumido pelo próprio realizador e pela sua produtora, Ar de Filmes. Ou como é preciso desafiar os valores dominantes do mercado, fazendo de um filme um acontecimento — filme português, já agora. Começa hoje, no Centro Cultural de Belém.