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Três títulos, porventura menos conhecidos, poderão ajudar a sublinhar as singularidades da sua obra:
* REQUIEM PARA UM DESCONHECIDO (1969) — extraordinária viagem pela mente de um homem que quer vingar a morte do seu filho por atropelamento: Chabrol consegue superar todas as fronteiras morais, expondo, de modo descarnado, a violência visceral da natureza humana; com Michel Duchaussoy numa composição absolutamente genial.
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* O CAVALO DO ORGULHO (1980) — uma história da Bretanha do começo do século XX que, nas mãos de um cineasta vulgar, poderia ficar enredada nas convenções do retrato "etnográfico": sob o olhar de Chabrol, emerge como uma espantosa desmontagem dos mecanismos mais radicais do poder familiar e social e, em particular, da dominação das mulheres pelos homens.
Claude Chabrol faleceu a 12 de Setembro, em Paris — contava 80 anos. A sua herança confunde-se, afinal, com um princípio de trabalho que ele tanto admirava no seu mestre Hitchcock: o de nunca abdicar de uma visão eminentemente pessoal, ao mesmo tempo aceitando, sem preconceito nem ressentimento, as regras decorrentes dos mais populares géneros cinematográficos. Tal disponibilidade ajudará a explicar os altos e baixos da filmografia chabroliana; mas reflecte a sua continuada paixão pelo cinema como fenómeno enraizado na cultura popular — não por acaso, sendo um notável director de actores, ele foi também um feroz adversário do populismo que apenas sabe enaltecer os "efeitos especiais".
>>> Obituário no jornal Le Monde.
>>> Claude Chabrol em Senses of Cinema.
>>> Catherine Ceylac entrevista Claude Chabrol (France 2, 2009).