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É um pormenor, claro. Mas, apesar de tudo, vale a pena tentar formular uma interrogação vaga, incerta, incontornável... Que interrogação é essa? Tem a ver com o poder da televisão integrar quase tudo, numa espécie de permanente regurgitação do mundo, suas personagens e atribulações. Ou ainda: que faz o líder e vocalista dos Aerosmith, apesar de tudo símbolo das convulsões mais extremas do universo do rock, no interior de um concurso "interactivo" concebido para as chamadas audiências familiares e, para mais, nesta nova edição, baixando a idade mínima dos concorrentes para 15 anos?
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP1UhIog4gLfUKp39ZeRkJLLiSA_hhWT9yBzKdnSn6_ukuQJXrBFQuwmgd_3n8Q14uADeLpMAi8A6dTHhAsHRY6FpDxPHE8KwU5Z2QdM7PTRrnO5hUrsUuqpYNmwY77U3J2VxsTg/s400/American_Idol.png)
O que está em jogo é de outra natureza, já que tem a ver com a generalização desta "naturalidade" que se quer televisivamente ontológica. A saber: muitas formas televisivas da actualidade — com inevitável destaque para as que, de uma maneira ou de outra, integram os valores crus dos reality shows — funcionam a partir de uma amálgama de referências em que tudo se dissipa numa espécie de caldo cultural em que, afinal, já não há diferenças.
Assistimos, assim, ao estertor de uma visão "democrática" que se distingue menos pela exposição dos contrastes e mais, muito mais, pelo triunfo de uma acomodada indiferenciação: seja o que for que pensemos dos Aerosmith — e permito-me lembrar que aquele que continua a ser o seu mais recente álbum de estúdio, Honkin' on Bobo, lançado em 2004, era uma bela revisitação das suas influências enraizadas na tradição do blues —, a história da identidade da banda tem um novo fantasma chamado American Idol.
[Nota de vencida ironia: se era para fazer nascer clones de Steven Tyler, convenhamos que o próprio já dedicou energia suficiente a tal tarefa...]