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No começo de Eu Amo-te Philip Morris, a voz de Jim Carrey dá-nos conta da curiosa existência da sua personagem, Steven Russell: membro das forças policiais, um casamento feliz, enfim, um modelar americano médio... Há mais alguns pormenores secundários que vai revelando com toda a naturalidade: assim, por exemplo, acontece que se especializou em jogadas financeiras não muito transparentes. Ah, é verdade! Steven é gay.
Nas nossas cabeças formatadas por muitos debates televisivos, esperaríamos, talvez, que Eu Amo-te Philip Morris se transformasse num visão “crítica” das forças policiais. Ou numa “parábola” sobre a condição homossexual na América...
Mas não: os realizadores Glenn Ficarra e John Requa não têm mentalidade de deputados voluntaristas e, por isso mesmo, não vêem o mundo como se fosse a ilustração didáctica de temas “legais” e “ilegais”. Aquilo que os interessa mesmo é o sexo! Chocante? Só mesmo se o leitor achar que a telenovela das nove é realista... Esta é uma história atenta às mais pequenas nuances da sexualidade, do amor e da luxúria, e também à sua coexistência com os caminhos ínvios do dinheiro. Tudo isso com o espírito alegre (é uma comédia, como já devem ter deduzido) de quem observa as máscaras voluntárias e involuntárias das relações humanas.
Dizer que Jim Carrey volta a ser genial, eis o que só peca por redundante: dêem-lhe uma grande personagem, cómica ou trágica, e ele vai até ao fim do mundo. Sublinhe-se, no entanto, a prodigiosa composição de Ewan McGregor no Philip Morris do título, frágil e comovente, num registo que nunca dispensa os delírios próprio da comédia. A propósito: Philip Morris também é gay... mas não vos vou contar o filme.