Cada geração — e, por certo, também cada espectador — descobre a juventude, ou uma certa ideia de juventude, também através do cinema. Pertenço à geração que encontrou a cristalização de uma juventude desamparada e ansiosa, historicamente à deriva, em personagens como o toxicodependente interpretado por Al Pacino em Pânico em Needle Park (1971), de Jerry Schatzberg.
À distância, essa descoberta multiplica o seu perturbante simbolismo se nos lembrarmos que Pacino, praticamente a começar a sua carreira cinematográfica, estava longe de ser um adolescente: nascido a 25 de Abril de 1940, tinha-se imposto no meio teatral antes de ser convocado pelos filmes. Em todo o caso, dessas ambivalências ressalta uma certeza: Pacino, senhor de uma juventude que nunca abandona o seu olhar, faz hoje 70 anos.
Podemos recordar os momentos emblemá-ticos, começando pela saga de O Padrinho (1972), de Francis Ford Coppola, também muito simbolicamente recebendo a herança directa de Marlon Brando. Podemos também citar os papéis em que o actor aceita o desafia de se cruzar com os registos mais insólitos, incluindo a BD, como no Big Boy Caprice [foto ao lado] de Dick Tracy (1990), de Warren Beatty. Podemos ainda rever mentalmente a inigualável energia emocional e mental de personagens que, por assim dizer, fazem um filme — e lembraremos Um Dia de Cão (1975), de Sidney Lumet, Perfume de Mulher (1992), de Martin Brest (o filme com que Pacino arrebatou o seu único Oscar), ou Donnie Brasco (1997), de Mike Newell.
Em todo o caso, mesmo com evidentes escolhas infelizes (por exemplo, O Recruta, de Roger Donaldson, lançado em 2003), a carreira de Pacino contém esse risco, ao mesmo tempo profissional e ontológico, que nos permite perceber que representar em frente a uma câmara de filmar pode ser um paradoxal e fascinante espectáculo de revelação. Segundo as notícias que vão chegando, o mais recente exemplo dessa arte de eleitos parece ser You Don't Know Jack [foto], uma realização de Barry Levinson (para a HBO) sobre a polémica figura de Jack Kevorkian, o médico americano defensor do suicídio assistido.
À distância, essa descoberta multiplica o seu perturbante simbolismo se nos lembrarmos que Pacino, praticamente a começar a sua carreira cinematográfica, estava longe de ser um adolescente: nascido a 25 de Abril de 1940, tinha-se imposto no meio teatral antes de ser convocado pelos filmes. Em todo o caso, dessas ambivalências ressalta uma certeza: Pacino, senhor de uma juventude que nunca abandona o seu olhar, faz hoje 70 anos.
Podemos recordar os momentos emblemá-ticos, começando pela saga de O Padrinho (1972), de Francis Ford Coppola, também muito simbolicamente recebendo a herança directa de Marlon Brando. Podemos também citar os papéis em que o actor aceita o desafia de se cruzar com os registos mais insólitos, incluindo a BD, como no Big Boy Caprice [foto ao lado] de Dick Tracy (1990), de Warren Beatty. Podemos ainda rever mentalmente a inigualável energia emocional e mental de personagens que, por assim dizer, fazem um filme — e lembraremos Um Dia de Cão (1975), de Sidney Lumet, Perfume de Mulher (1992), de Martin Brest (o filme com que Pacino arrebatou o seu único Oscar), ou Donnie Brasco (1997), de Mike Newell.
Em todo o caso, mesmo com evidentes escolhas infelizes (por exemplo, O Recruta, de Roger Donaldson, lançado em 2003), a carreira de Pacino contém esse risco, ao mesmo tempo profissional e ontológico, que nos permite perceber que representar em frente a uma câmara de filmar pode ser um paradoxal e fascinante espectáculo de revelação. Segundo as notícias que vão chegando, o mais recente exemplo dessa arte de eleitos parece ser You Don't Know Jack [foto], uma realização de Barry Levinson (para a HBO) sobre a polémica figura de Jack Kevorkian, o médico americano defensor do suicídio assistido.