MICHAEL STUHLBARG, Um Homem Sério (2009)
BUSTER KEATON, The General (1927)
Que liga estas duas imagens? Talvez três componentes mais ou menos discretas:
1 - a sensação de que a figura humana está empenhada em alguma tarefa que implica um misto de empenho e expectativa, porventura de perigo;
2 - a tensão entre o corpo e as linhas oblíquas da imagem, como se o próprio espaço conspirasse para expelir a personagem;
3 - enfim, um clima de tristeza, pressentida na ansiedade dos corpos e dos olhares.
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Um Homem Sério, o espantoso filme dos irmãos Coen agora estreado, não será, por certo, uma "actualização" de Keaton, pelo menos na sua dimensão mais directamente burlesca. Em todo o caso, há nele uma obsessão temática — cujo ponto de fuga é a radical incompatibilidade do factor individual em relação a qualquer colectivo — que é, em tudo e por tudo, cúmplice da herança keatoniana. Além do mais, raras vezes os Coen foram tão heterodoxos na sua inserção na máquina de produção do cinema americano: em tempos de heróis mais ou menos sobrenaturais, eles filmam apenas um homem que quer cumprir a lei. A sério.
Um Homem Sério, o espantoso filme dos irmãos Coen agora estreado, não será, por certo, uma "actualização" de Keaton, pelo menos na sua dimensão mais directamente burlesca. Em todo o caso, há nele uma obsessão temática — cujo ponto de fuga é a radical incompatibilidade do factor individual em relação a qualquer colectivo — que é, em tudo e por tudo, cúmplice da herança keatoniana. Além do mais, raras vezes os Coen foram tão heterodoxos na sua inserção na máquina de produção do cinema americano: em tempos de heróis mais ou menos sobrenaturais, eles filmam apenas um homem que quer cumprir a lei. A sério.