Mozart não representa de todo uma surpresa no percurso de Mitsuko Uchida, De resto nos anos 80 chegou mesmo a gravar uma integral dos seus concertos para piano (com a English Chamber Orchestra, dirigida por Jeffrey Tate). Depois de nos últimos anos ter dado sobretudo a Schubert e Beethoven um espaço de protagonismo no seu repertório, a pianista regressa a Mozart acompanhada pela Cleveland Orchestra (que ela mesma dirige nesta gravação). Os concertos números 23 e 24 (o último apresentando no início do alinhamento do disco). Gravados ao vivo no Severance Hall (em Cleveland) em Dezembro de 2008, os concertos traduzem um entendimento claro entre a pianista e a orquestra. Um segundo disco com música de Mozart deverá ser o episódio que se segue na discografia com a pianista, já que em Abril tem já marcadas duas datas com a mesma orquestra, na mesma sala, para desta vez apresentar os concertos números 20 e 27.
domingo, janeiro 03, 2010
Um reencontro com Mozart
Em 1781 Mozart abandonou o posto de konzertmeister que detinha em Salzburgo mudando-se para Viena, com o desejo de viver como pianista. Teve sucesso imediato e os seus concertos casas cheias. Perante hábitos bem diferentes dos que hoje o espectador conhece, a novidade era pedida a cada nova ocasião, tendo Mozart de compor com regularidade para os seus concertos. Sucederam-se vários concertos para piano, os primeiros aceitando seguir as formas do agrado do público de então, a partir de dada altura a música reflectindo mais os interesses da demanda do compositor que a sua vontade em satisfazer as plateias. Estreados ambos em 1786, os seus concertos para piano números 23 e 24 cabem neste último “saco”, o segundo deles representando um caso notável de maior independência do solista e orquestra, reflectindo uma concepção sinfonista. São estes dois os concertos que a pianista Mitsuko Uchida apresenta no seu mais recente disco.