Duas caixas de DVD actualizam, entre nós, as memórias do cinema de Eric Rohmer — este texto foi publicado no Diário de Notícias (23 de Janeiro), com o título ‘As palavras de Rohmer’.
Chegaram recentemente ao mercado português do DVD nada mais nada menos que dez títulos do francês Eric Rohmer (1920-2010), distribuídos por duas caixas temáticas: “Comédias e Provérbios” e “Os Contos das 4 Estações”. É um bom pretexto para sublinharmos um valor essencial do trabalho de Rohmer, hoje em dia vilipendiado pelo imaginário techno que domina muitas formas de abordagem do cinema: esse valor é o da palavra, com particular incidência na escrita de diálogos.
Existe, de facto, um preconceito arcaico que tenta fazer crer que os filmes muito falados (mas o que é isso de filmes “muito falados”?) carecem de acção. É uma visão infantil, mas tristemente dominante. Daí que seja útil voltar a lembrar que, nos grandes estetas da palavra (incluindo Joseph L. Mankiewicz, Preston Sturges ou Manoel de Oliveira), as palavras não estão em vez da acção: existem como a própria acção. Vendo ou revendo os filmes de Rohmer, podemos redescobrir essa maravilha: personagens que, ao falar, refazem o mundo à sua volta.
Chegaram recentemente ao mercado português do DVD nada mais nada menos que dez títulos do francês Eric Rohmer (1920-2010), distribuídos por duas caixas temáticas: “Comédias e Provérbios” e “Os Contos das 4 Estações”. É um bom pretexto para sublinharmos um valor essencial do trabalho de Rohmer, hoje em dia vilipendiado pelo imaginário techno que domina muitas formas de abordagem do cinema: esse valor é o da palavra, com particular incidência na escrita de diálogos.
Existe, de facto, um preconceito arcaico que tenta fazer crer que os filmes muito falados (mas o que é isso de filmes “muito falados”?) carecem de acção. É uma visão infantil, mas tristemente dominante. Daí que seja útil voltar a lembrar que, nos grandes estetas da palavra (incluindo Joseph L. Mankiewicz, Preston Sturges ou Manoel de Oliveira), as palavras não estão em vez da acção: existem como a própria acção. Vendo ou revendo os filmes de Rohmer, podemos redescobrir essa maravilha: personagens que, ao falar, refazem o mundo à sua volta.