domingo, dezembro 13, 2009

Luz e escuridão

Foi eleito como a revelação do ano, em 2008, pela BBC. Aos 28 anos, David Fray é um pianista já com uma interessante obra em disco e o um nome reconhecido. A sua mais recente gravação, para o catálogo da Virgin Classics, apresenta-o frente a uma série de peças de Scubert – os Moment Musicaux D. 780 e Impromptus D.899 – que toma também como ponto de partida para uma série de reflexões que depois assina no booklet. Aí diz: “aqui estamos confrontados pela solidão e morte – uma companhia temerária que todavia, com Schubert, acaba por tomar formas espantosamente tranquilizadoras”.

Nascido em França 1981 (tem 28 anos), David Fray é um pianista em clara etapa de afirmação global. Há um ano um documentário no Arte chegou a compará-lo, sob as devidas distâncias, com o mítico Glenn Gould. O facto de ter já gravado transcrições para piano de peças de Bach terá acentuado algumas das comparações…. Casado com a filha do maestro Ricardo Mutti, David Fray tem vindo a construir uma discografia sob azimutes de interesse distintos, que além de Bach o fez já abordar Liszt e Boulez. Este disco representa a sua segunda abordagem a Schubert. “É preciso ter confiança para tocar (e ouvir?) Schubert e aceitar que devemos ter fixo este ponto de vista, não o perdendo por nada, mesmo que simbolise a morte”, sublinha entre os textos que apresenta no booklet. O disco mostra uma presença de facto segura de si mesmo numa abordagem cristalina e elegante às peças que aqui nos apresenta. É uma música de contrastes e ambiguidades, que abarca vários estados de alma, de luzes e muitas sombras… Esta é a música de “um amigo próximo”, como David Fray conclui.