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A solidão de Sam Bell (Sam Rockwell, actor subtil e pouco reconhecido) transcende, aliás, o mero "efeito" temático típico do género. Tomando conta de uma base lunar onde se extraem matérias essenciais para a energia na Terra, ele vive dois dramas igualmente angustiantes: primeiro, o de se confrontar com um universo de máquinas e computadores que, de facto, tomaram conta do espaço humano; depois, o de se descobrir peça de um aparato económico que, em boa verdade, transcende gestos e vontades dos seus "empregados". Aqui confluem, por isso, o futurismo e a parábola sobre o nosso presente. Duncan Jones é um bom cinéfilo (2001, de Kubrick, ou Solaris, quer de Tarkovski, quer de Soderbergh, podem ser evocados), mas nunca filma apenas para mostrar um catálogo de citações — tem um ponto de vista e, à sua maneira, uma visão poética.