Será que existe alternativa às mega-produções que se vão perdendo na sua própria acumulação de meios? Veja-se o caso do catastrófico "filme-catástrofe" que é 2012, de Roland Emmerich: custou 200 milhões de dólares e, no seu simplismo dramático, deixa a incómoda impressão de um inglório desperdício. Moon, de Duncan Jones — entre nós estreado como O Outro Lado da Lua — custou 40 vezes menos, ou seja, 5 milhões de dólares, orçamento ridiculamente baixo para o contexto americano. E, no entanto, isso não o impede de oferecer um curioso retorno a algumas componentes emblemáticas da tradição cinematográfica da ficção científica.
A solidão de Sam Bell (Sam Rockwell, actor subtil e pouco reconhecido) transcende, aliás, o mero "efeito" temático típico do género. Tomando conta de uma base lunar onde se extraem matérias essenciais para a energia na Terra, ele vive dois dramas igualmente angustiantes: primeiro, o de se confrontar com um universo de máquinas e computadores que, de facto, tomaram conta do espaço humano; depois, o de se descobrir peça de um aparato económico que, em boa verdade, transcende gestos e vontades dos seus "empregados". Aqui confluem, por isso, o futurismo e a parábola sobre o nosso presente. Duncan Jones é um bom cinéfilo (2001, de Kubrick, ou Solaris, quer de Tarkovski, quer de Soderbergh, podem ser evocados), mas nunca filma apenas para mostrar um catálogo de citações — tem um ponto de vista e, à sua maneira, uma visão poética.
A solidão de Sam Bell (Sam Rockwell, actor subtil e pouco reconhecido) transcende, aliás, o mero "efeito" temático típico do género. Tomando conta de uma base lunar onde se extraem matérias essenciais para a energia na Terra, ele vive dois dramas igualmente angustiantes: primeiro, o de se confrontar com um universo de máquinas e computadores que, de facto, tomaram conta do espaço humano; depois, o de se descobrir peça de um aparato económico que, em boa verdade, transcende gestos e vontades dos seus "empregados". Aqui confluem, por isso, o futurismo e a parábola sobre o nosso presente. Duncan Jones é um bom cinéfilo (2001, de Kubrick, ou Solaris, quer de Tarkovski, quer de Soderbergh, podem ser evocados), mas nunca filma apenas para mostrar um catálogo de citações — tem um ponto de vista e, à sua maneira, uma visão poética.