domingo, novembro 15, 2009

Coppola: à espera de "Tetro" (1/3)

O mais recente filme de Francis Ford Coppola, Tetro, tem estreia portuguesa marcada para o dia 19 de Novembro: estes três textos abordam sucessivamente a personalidade do realizador, a sua actividade de vinicultor e, por fim, o próprio filme — foram publicados no Diário de Notícias (14 de Novembro).

Nascido em Detroit, a 7 de Abril de 1939, Francis Ford Coppola tem os seu começos no cinema indissociavelmente ligados ao produtor Roger Corman, especialista de filmes de “série B”, alguns por ele dirigidos, em particular no género de terror. A trabalhar para Corman, a par de outros principiantes como Martin Scorsese ou Jack Nicholson, Coppola fez um pouco de tudo, desde trabalho de som a tarefas de produção, acabando por se estrear na realização de Dementia 13 (1963). Foi uma escola em que aprendeu duas coisas essenciais: a importância de controlar a produção e o valor de uma boa história.
É verdade que ele nunca deixou de ter boas histórias para contar, mas também não é menos verdade que o descontrolo da produção marcou toda a sua existência, primeiro com a agitada fabricação de Apocalypse Now (1979), mas especialmente após o colapso do seu estúdio Zoetrope, na sequência de Do Fundo do Coração [cartaz] (1982). O certo é que, alternando pequenos e grandes orçamentos, Coppola nunca deixou de estar activo e a Zoetrope, embora sem a dimensão que ele ambicionou, mantém-se como uma entidade emblemática de Hollywood, produzindo os seus próprios filmes ou participando na pós-produção de outros; sob a sua chancela, é também publicada a prestigiada revista All-Story, dedicada à ficção literária. Além do mais, Coppola transformou-se num dos mais prestigiados produtores vinícolas da Califórnia. Mais do que um caso de sucesso, a sua vida é uma belíssima história.