domingo, novembro 15, 2009

Cinema português: que difusão?

O ciclo de cinema português "Filmes esquecidos" confronta-nos com dramas antigos da nossa produção. Ou ainda: como criar regras sólidas de difusão? — este texto foi publicado no Diário de Notícias (14 de Novembro), com o título '"Filmes esquecidos"'.
Até 18 de Dezembro, o ABC Cineclube está a apresentar no auditório da Sociedade Portuguesa de Autores (Lisboa) um ciclo intitulado “Filmes esquecidos”. Entre os doze títulos programados, produzidos no período 1975-1988, incluem-se, por exemplo, Maria (1979), de João Mário Grilo, Gestos & Fragmentos (1982), de Alberto Seixas Santos, e O Movimento das Coisas (1985), de Manuela Serra. O que une estes filmes é o facto de não terem sido estreados nas salas. E agora, mais do que nunca, importa não relançarmos muitas guerras pueris (“pró & contra”) que tanto mal têm feito à vida institucional e afectiva do cinema português. Se estes filmes não tiveram o que mereciam, isto é, a possibilidade de confronto com algum público, isso resulta de um ambiente (legal e cultural) que contrariou a normalização das mais rudimentares formas de difusão. Vale a pena perguntar, por isso, até que ponto tais problemas se encontram resolvidos. Mais do que isso: será que passámos a ter um ambiente cinematográfico capaz de favorecer a diversidade como valor fundamental da própria produção?