segunda-feira, novembro 16, 2009

Em conversa: Martha Wainwright (1/3)

Primeira parte da versão integral de uma entrevista que serviu de base ao artigo publicado a 9 de Novembro, com o título “Não sou uma actriz nem quero estar a recriar a Piaf”

É filha de Loudon Wainright III e Kate McGarrigle, sobrinha de Anne McGarrigle, irmã de Rufus Wainwright… Como foi crescer numa família onde a música é claramente protagonista?
Foi muito bom em todos os sentidos, divertido e excitante. E com muita alegria, porque cantar juntos é muito poderoso. Houve muitos momentos mágicos que fizeram a minha infância ser especial em muitos sentidos.

Ainda cantam muitas vezes juntos. Há os concertos de Natal, por exemplo…
Sim, e vai além disso, cantamos nos discos uns dos outros. Somos músicos profissionais e os músicos profissionais trabalham. Para nós é por isso normal pedir aqueles que estão ao nosso lado que participem. Por um lado são menos caros (risos). E conhecemo-nos. Sabem o que procuramos...

Quando é que se sentiu não uma filha, mas uma profissional a cantar. Quando nasceu a profissional?
Bom, na verdade levou algum tempo... Mas foi um patamar fundamental que tinha de atingir porque, para continuar na música como uma mulher adulta, sabia que tinha de procurar se tinha em mim algo de especial para dar. Onde podia contribuir… Saber se tinha uma voz, falando em concreto de uma voz criativa como autora de canções. Precisava de encontrar tudo isso. Levei uns cinco ou seis anos a escrever canções, ao mesmo tempo que trabalhava como corista para o Rufus. Mas estava sempre escrever canções, em busca de mim mesma. Foi já no final dos meus vintes, com a edição de um primeiro disco meu, que senti que tinha encontrado um caminho que podia definir como meu, que podia dar os meus próprios concertos... Ir para estrada por mim. Com a música que queria para mim mesma... Onde me pudesse focar. Há muito que via minha família a trabalhar e sabia bem o esforço que envolve tentar sobreviver na indústria da música. Sobretudo numa música que não é necessariamente comercial. E isso envolve esforço, dedicação e uma capacidade de focar as coisas. E trabalho!

Estava a estudar em Montreal, mas mudou-se para Nova Iorque. Era inevitável para concretizar o que procurava?
Montreal era então quase como uma pequena cidade... Hoje tem uma cena musical muito diferente, mas é uma realidade com uns sete ou oito anos... Na época senti que necessitava de ir para um local maior, para poder dar mais concertos... O Rufus tinha começado a fazer discos, e decidi procurar o meu caminho.
(continua amanhã)