O futebol não se faz apenas de vencedores: importa também lidarmos com as derrotas — este texto foi publicado no Diário de Notícias (23 de Outubro), com o título 'Pedagogia da derrota'.
O mundo de imagens em que vivemos faz-se do muito que vemos, mas também do muito que, não sendo necessariamente ocultado, tende a ser secundarizado. Eis um instantâneo que corresponde a um tipo de imagem pouco visto na comunicação social: um jogador prostrado pela desilusão da derrota. De facto, o espaço mediático em que vivemos tende a celebrar os que ganham, esquecendo os outros. Como se, no limite, perder fosse uma indignidade...
O mundo de imagens em que vivemos faz-se do muito que vemos, mas também do muito que, não sendo necessariamente ocultado, tende a ser secundarizado. Eis um instantâneo que corresponde a um tipo de imagem pouco visto na comunicação social: um jogador prostrado pela desilusão da derrota. De facto, o espaço mediático em que vivemos tende a celebrar os que ganham, esquecendo os outros. Como se, no limite, perder fosse uma indignidade...
Aliás, essa ideologia da “vitória” é qualquer coisa que contamina todo o espaço social, desde as relações de trabalho às mensagens publicitárias, transformando a “derrota” num factor de menorização, por vezes alimentando mesmo um menosprezo muito pouco humano. A fotografia é tanto mais interessante (e, por assim dizer, pedagógica) quanto o jogador que nela figura é um dos maiores talentos do futebol contemporâneo e pode muito bem vir a ser o sucessor de Cristiano Ronaldo no título de melhor do mundo. É verdade: Lionel Messi exprimia assim o seu desespero pela derrota do Barcelona, em casa (1-2), com a equipa russa do Rubin Kazan. Além do mais, permitam-me que acrescente que a proeza do Rubin Kazan (a par de outros bons resultados de equipas da ex-União Soviética) ajuda também a descentrar a nossa visão do futebol: para além da conhecida excelência dos campeonatos inglês, italiano e espanhol... há mais mundos.