segunda-feira, outubro 12, 2009

Madonna no tempo (3/3)

[1] [2] As duas canções inéditas da antologia CelebrationRevolver e Celebration (fechando, respectivamente, o primeiro e o segundo CD) — são hinos muito carnais: "You're an accessory to murder cause / My love's a revolver / My sex is a killer / Do you wanna die happy?" e "I’m gonna party, yeah / Cause anybody just won’t do / Let’s get this started, yeah / Cause everybody wants to party with you." E, no entanto, é impossível não pressentir nelas a pulsão romântica que percorre toda a obra de Madonna. Romântica, não lírica, ou seja: contemplando de frente a nitidez da morte (1998, Mer Girl: "(...) I ran to the cemetery / And held my breath, and thought about your death"). Tudo isso preservando a relação mais irónica, muitas vezes sarcástica, com a obscena mercantilização do tempo: "You know that we are living in a material world / And I am a material girl" — Material Girl (1984) surge, aliás, como senha de entrada para o segundo CD, sendo apenas precedida pela celebração naïf de Dress You Up: "Gonna dress you up in my love / All over, all over / Gonna dress you up in my love / All over your body." Ou como o tempo se refaz através do corpo, das suas memórias, do que nele se canta e cala.