[1] Grande ideia gráfica, magnífico conceito iconográfico: Madonna representada como colagem de fragmentos de discos de vinyl. Decomposição ou renascimento? A imagem está na antologia Celebration e não pode deixar de ser lida como sintoma de uma multiplicidade que persiste para além das modas e dos plásticos: Madonna é também uma artista em que a sedução retro nunca impõe nenhuma nostalgia de um só sentido. Dizendo-o de forma paradoxal: com ela e para ela, a nostalgia é sempre futurista, geradora de novas perplexidades e experimentações. Daí a assumida bizarria de propor uma antologia em cujo alinhamento podemos passar de Express Yourself a Open Your Heart, recuando, recuando ainda mais até chegarmos a Boderline — que é como quem diz: de 1989 a 1986, até 1984. Ou seja: o tempo vivido como uma espécie de alucinação racional, sempre presente. Poderíamos, aliás, continuar, reconhecendo que a simbologia funciona como um jogo de espelhos: a canção seguinte chama-se Secret...