João Pedro Rodrigues faz filmes em que as histórias sexuais — de todas as sexualidades — são vividas como outros tantos enigmas de identidade. Foi assim em O Fantasma (2000) e Odete (2005). Volta a ser assim no magnífico Morrer como um Homem, revelado há poucos meses no Festival de Cannes [estreia hoje].
Nesta história de um homem-que-quer-ser-mulher, o que conta não é o "masculino" de onde partimos ou o "feminino" a que se chegará, mas a viagem entre a ilusória certeza de um e outro — nessa deambulação, o realismo mais cru e o delírio mais surreal são apenas duas faces da mesma moeda narrativa. Dito de outro modo: pelos sobressaltos dramáticos deste filme circula uma pulsão de fábula que não dispensa os incidentes de um singularíssimo humor. Resumindo: este é um objecto exemplar de um universo que soube definir as regras, e também as utopias, dos seus próprios gestos criativos.
Nesta história de um homem-que-quer-ser-mulher, o que conta não é o "masculino" de onde partimos ou o "feminino" a que se chegará, mas a viagem entre a ilusória certeza de um e outro — nessa deambulação, o realismo mais cru e o delírio mais surreal são apenas duas faces da mesma moeda narrativa. Dito de outro modo: pelos sobressaltos dramáticos deste filme circula uma pulsão de fábula que não dispensa os incidentes de um singularíssimo humor. Resumindo: este é um objecto exemplar de um universo que soube definir as regras, e também as utopias, dos seus próprios gestos criativos.