Sublinhemos, para já, apenas o essencial. Ou seja: a reposição de O Sangue (1989), de Pedro Costa — em cópia nova, restaurada — é uma oportunidade preciosa para (re)descobrirmos o universo de um singularíssimo autor, não apenas dos maiores do cinema português, mas também dos que tem conseguido uma difusão internacional mais abrangente (lembremos que uma retrospectiva integral da sua obra arranca amanhã, em Londres, na Tate Modern). Além do mais, esta reposição — e a edição paralela de O Sangue em DVD — antecede a estreia, a 5 de Novembro, de Ne Change Rien, o belíssimo filme que Pedro Costa fez sobre o trabalho musical de Jeanne Balibar.
São motivações fortes para abrirmos o nosso olhar, e todos os recantos da nossa sensibilidade, a um universo cinematográfico empenhado em lidar com a verdade dos corpos, das suas relações, e tudo aquilo que neles (e nelas) não acede ao labor das palavras.