A notícia da suspensão do Jornal de Sexta da TVI -- seguida da demissão da respectiva Direcção de Informação -- caiu como uma bomba no já crispado universo político-mediático em que vivemos (informações em actualização no DN e no Público). O mínimo que se pode dizer é que o timing da decisão é totalmente desastrado, caindo exactamente na véspera no anunciado regresso da respectiva apresentadora, Manuela Moura Guedes (subdirectora daquela direcção), aos ecrãs.
Como é óbvio, não é um mero problema de datas que está em jogo. Nem sequer se trata de uma conjuntura que passe apenas pela visão que cada um possa ter sobre o trabalho jornalístico de Manuela Moura Guedes e da sua equipa -- aliás, sobre isso, só posso reiterar a minha visão profundamente negativa desse trabalho, a meu ver integrando as componentes mais típicas do populismo sensacionalista que tem contaminado todas (sublinho: todas) as áreas da informação televisiva.
Este é um momento em que importa relembrar algo de muito básico: a proliferação de dúvidas e ambiguidades sobre as relações entre poderes económico e político é um inquietante sintoma de algum défice democrático -- quanto mais não seja porque empurra todos os protagonistas sociais, dos partidos ao comum cidadão, para os domínios pouco sensatos da especulação universal (e é triste que, ao longo dos últimos anos, esses mesmos partidos se tenham sistematicamente demitido de pensar e discutir os valores dominantes da informação televisiva de todos os canais).
É também um momento em que, seja qual for o nosso ponto de vista sobre a informação produzida pelos jornalistas do Jornal de Sexta da TVI, importa defender o seu direito ao trabalho.