Depois do embaraço de ter tido um single, Miles Away, sem teledisco (apenas um registo de palco, retirado da 'Sticky and Sweet Tour'), Madonna decidiu lançar o tema-título da antologia Celebration (lançamento no dia 28) como a tradição impunha. Business as usual, portanto: Jonas Akerlund, autor de uma das obras-primas da sua videografia (Ray of Light, 1998) foi convocado para filmar Celebration e os resultados são saborosamente primitivos, descomplexadamente à moda antiga.
Não temos, aqui, nenhuma proposta conceptual que exponencie a própria canção (para nos ficarmos por Akerlund, recuemos a 2003 e lembremos esse retrato íntimo dos pares da América que era American Pie). Vogamos apenas na paisagem fechada de um estúdio, à boa maneira da Madonna das origens, quer em Everybody (1982), quer em Lucky Star (1984). Efeito perverso: por vezes, o espaço evoca o efeito claustrofóbico de Human Nature (1995). Efeito familiar: Jesus Luz e Lourdes Maria fazem figuração, como quem diz que, mesmo em frívolo passo de dança, há uma história na primeira pessoa cuja narrativa prossegue -- quem esperasse o contrário, é porque não conhece a família.