Este texto integra a série "Política das imagens", nas páginas do DN ao longo da campanha para as eleições de 27 de Setembro — foi publicado no dia 25, com o título 'À procura da política perdida'.
Ao terminar a campanha eleitoral, creio que não será arriscado afirmar que há um sentimento maioritário de cansaço: os eleitores, ou melhor, todos nós, cidadãos com direito de voto, suportamos cada vez menos a retórica política, a vulgaridade televisiva, a mediatização “espectacular”, mas inócua. Em todo o caso, creio que começamos apenas a pressentir um saldo que transcende o espaço específico da política, tanto mais perturbante quanto pouco abordado: tem a ver com a percepção pública dos meios de comunicação, em geral, os jornais e as televisões, em particular.
Não é, entenda-se, um mero problema de “qualidade” (como quando se tenta opor os filmes de “qualidade” ao cinema “popular”). É uma questão que nos remete para a inserção social desses meios de comunicação e, sobretudo, para o seu papel na dinâmica de ideias e valores, do que se diz e recalca, do que se mostra ou oculta.
Qual é o meu ponto? É um ponto de pedagógica humildade: creio que atravessámos uma campanha eleitoral que deixa nos cidadãos questões novas também sobre as informações que lhes chegam através da comunicação social. São questões que estão para além da dicotomia “verdade/mentira”, uma vez que implicam diferentes visões do mundo, a começar pelo mundo da política.
Devo dizer, sem ambiguidade, que encaro essa dinâmica como um factor eminentemente positivo: leitores/espectadores mais atentos e exigentes só podem contribuir para formas mais ricas e construtivas de pensar e fazer jornalismo. O modelo de imprensa dos “famosos”, mesmo sem ser dominante, lançou um véu de banalidade sobre o nosso quotidiano, tornando tudo fútil, irrisório, por vezes grosseiramente obsceno. Trata-se agora de saber se crescemos o suficiente para voltar a pensar quem somos e como vivemos. Isso tem, aliás, um nome nobre: política.
Ao terminar a campanha eleitoral, creio que não será arriscado afirmar que há um sentimento maioritário de cansaço: os eleitores, ou melhor, todos nós, cidadãos com direito de voto, suportamos cada vez menos a retórica política, a vulgaridade televisiva, a mediatização “espectacular”, mas inócua. Em todo o caso, creio que começamos apenas a pressentir um saldo que transcende o espaço específico da política, tanto mais perturbante quanto pouco abordado: tem a ver com a percepção pública dos meios de comunicação, em geral, os jornais e as televisões, em particular.
Não é, entenda-se, um mero problema de “qualidade” (como quando se tenta opor os filmes de “qualidade” ao cinema “popular”). É uma questão que nos remete para a inserção social desses meios de comunicação e, sobretudo, para o seu papel na dinâmica de ideias e valores, do que se diz e recalca, do que se mostra ou oculta.
Qual é o meu ponto? É um ponto de pedagógica humildade: creio que atravessámos uma campanha eleitoral que deixa nos cidadãos questões novas também sobre as informações que lhes chegam através da comunicação social. São questões que estão para além da dicotomia “verdade/mentira”, uma vez que implicam diferentes visões do mundo, a começar pelo mundo da política.
Devo dizer, sem ambiguidade, que encaro essa dinâmica como um factor eminentemente positivo: leitores/espectadores mais atentos e exigentes só podem contribuir para formas mais ricas e construtivas de pensar e fazer jornalismo. O modelo de imprensa dos “famosos”, mesmo sem ser dominante, lançou um véu de banalidade sobre o nosso quotidiano, tornando tudo fútil, irrisório, por vezes grosseiramente obsceno. Trata-se agora de saber se crescemos o suficiente para voltar a pensar quem somos e como vivemos. Isso tem, aliás, um nome nobre: política.