Face à agitação desencadeada pelos recentes acontecimentos na TVI, não basta aplicarmos a palavra "censura" como se fosse uma espécie de chave sociológica, ou moral, para compreender tudo o que está a acontecer no espaço jornalístico. É preciso perguntar o que é a censura -- e não nos deixarmos enredar na estupidez mediática que tende a fazer equivaler todos os contextos. É preciso também, por isso mesmo, perguntar: o que é um jornalista?
E se não é fácil garantirmos que temos a boa definição, podemos ter algumas certezas sobre o que de mau (de muito mau) se faz em nome do jornalismo. É algo que tem a ver com a transformação do gesto jornalístico, não num método de observação, não numa tentativa de compreensão da diversidade dos factos, não numa paixão pelo factor humano, mas apenas num mecanismo gerador de conflito.
Observe-se a maioria das entrevistas de rua que os repórteres (?) televisivos fazem às personalidades da cena política (de todos os quadrantes). Raríssimas vezes se sente uma qualquer disponibilidade de escuta. Com muita frequência, tal disponibilidade é substituída (?) por um tom de mera provocação, tentando que o entrevistado reaja por irritação, hesitação ou mero engano. O mais triste é que muitos protagonistas políticos não só não reagem a essa degradação social do diálogo, como se "especializaram" em lidar com tal dispositivo. Dão, assim, "razão" aos repórteres que se mostram ofendidos (???) por ainda haver quem não queira pactuar com o seu primarismo.
E se não é fácil garantirmos que temos a boa definição, podemos ter algumas certezas sobre o que de mau (de muito mau) se faz em nome do jornalismo. É algo que tem a ver com a transformação do gesto jornalístico, não num método de observação, não numa tentativa de compreensão da diversidade dos factos, não numa paixão pelo factor humano, mas apenas num mecanismo gerador de conflito.
Observe-se a maioria das entrevistas de rua que os repórteres (?) televisivos fazem às personalidades da cena política (de todos os quadrantes). Raríssimas vezes se sente uma qualquer disponibilidade de escuta. Com muita frequência, tal disponibilidade é substituída (?) por um tom de mera provocação, tentando que o entrevistado reaja por irritação, hesitação ou mero engano. O mais triste é que muitos protagonistas políticos não só não reagem a essa degradação social do diálogo, como se "especializaram" em lidar com tal dispositivo. Dão, assim, "razão" aos repórteres que se mostram ofendidos (???) por ainda haver quem não queira pactuar com o seu primarismo.