O facto de Arena, de João Salaviza, estrear como complemento de Taking Woodstock, de Ang Lee, é uma excelente notícia. Desde logo, porque a consagração do filme em Cannes (no passado mês de Maio, com a Palma de Ouro das curtas-metragens) é ainda recente, o que significa que, pelo menos neste caso, o mercado corresponde à actualidade com relativa celeridade. Depois, porque o lançamento de pequenos filmes antes dos títulos em estreia se tornou uma raridade. Se nos lembrarmos que, melhor ou pior, existe uma considerável produção portuguesa de curtas-metragens, o mínimo que podemos dizer é que se espera e deseja que o caso de Arena não seja um fenómeno isolado. Além do mais, o trabalho de Salaviza permite-nos ainda sublinhar uma verdade elementar: é possível abordar a realidade urbana sem ceder aos clichés narrativos, dramáticos e morais de telenovelas e afins.