Com uma presença muito importante na edição deste ano do "Jazz em Agosto", o americano George Lewis (trombone) editou recentemente um álbum magnífico com a francesa Joëlle Léandre (contrabaixo). Com chancela da editora RogueArt, Transatlantic Visions faz justiça ao seu título: são exercícios visionários de dois improvisadores, capazes de relativizar o oceano sonoro ou simbólico que os separa, numa aventura em que o poder de inquietação circula por paisagens de estranho apaziguamento e cumplicidade. Numa expressão irresistível, nas notas de apresentação do álbum, Alexandre Pierrepont avança esta sugestiva definição: "Os improvisadores são, antes de tudo o mais, transformadores do som ou aceleradores de partículas" — é uma ciência tão precisa quanto imponderável.