sexta-feira, agosto 21, 2009

"Avatar" ou a crise de Hollywood

Com lançamento mundial agendado para meados de Dezembro (Portugal: 17; EUA: 18), Avatar, de James Cameron, com Sam Worthington [foto] é um objecto sobre o qual não param de se acumular expectativas, tanto mais que se anuncia como uma das mais ambiciosas experiências já tentadas com o 3D — além do mais, são expectativas confirmadas pelo sedutor primeiro trailer, incluindo aqui em baixo.
Ao mesmo tempo, trata-se de um filme que polariza as maiores expectativas de uma indústria gigantesca — global, por excelência — mas que parece estar a atravessar uma profunda crise de iden-tidade (e financiamento, hélas!). Poderá ser até, a prazo, uma crise positiva, capaz de abrir novas zonas de criatividade e também diferentes lógicas de mercado(s). O certo é que está a ser marcada por alguns acontecimentos desconcertantes.
Exemplos? Veja-se a confusão que tem sido a promoção do novo filme de Quentin Tarantino, tentando "vendê-lo" por aquilo que, de facto, não é (um tradicional "filme de guerra"). Recorde-se ainda o facto de, há dias, ter sido despedido o chefe da Metro Goldwyn Mayer. Agora, Tom Sherak, um dos apoiantes da polémica decisão de nomear dez títulos para o Oscar de melhor filme, foi eleito presidente da Academia de Hollywood [ver post anterior]. Last but not least, a Paramount decidiu adiar a estreia de Shutter Island [cartaz], de Martin Scorsese, com Leonardo DiCaprio, por um período superior a quatro meses (de 2 de Outubro para 19 de Fevereiro) — as razões invocadas são de natureza económica, considerando que o primeiro plano de estreias do estúdio para 2009 tinha sido delineado "num contexto económico completamente diferente".
Entretanto, depois de longas negociações com a Reliance, Steven Spielberg concluiu um contrato de nada mais nada menos que 825 milhões de dólares, visando um espectacular relançamento da produção do seu estúdio DreamWorks (com ligação directa à Disney, na qualidade de distribuidora). Sinal dos tempos... Ou, como se prova, era preciso ler em vários sentidos a consagração de Slumdog Millionaire nos Oscars.