Estávamos em Julho de 1979. 40 por cento do mercado de singles americano era dominado pelo disco sound. Ninguém escapava ao som do momento... Já os Rolling Stones ou Rod Stewart tinham gravado disco... E muita era já, de facto, a oferta de sub-produtos para ouvir e dançar por umas semanas, e venha a canção seguinte logo depois... Havia excesso. Havia bom disco. Mas, na verdade, também cada vez mais lixo na forma de disco...
A reacção de Steve Dahl, contudo, foi excessiva. O DJ de Detroit clamou por revolta em Chicago... E muitos, numa América branca e conservadora, responderam de feição... Depois da encenação do protesto num estádio de Chicago, o 'disco' sofreu um golpe evidente. Algumas discotecas mudaram a banda sonora das suas febres de sábado à noite... E outras músicas começaram a chegar à rádio... Parecia que a "limpeza" tinha resultado...
Grande engano!
Ao mergulhar no underground, de onde ascendera anos antes (entre bares de negros, latinos e da comunidade gay), o disco conquistou novos cultores. E reemergiu, em meados de 80, sob a forma de uma nova cultura, com a house music e as demais formas de derivação que então elevaram a música de dança a um estatuto de primeira divisão na cena pop global...
Desde finais de 80, entre os frutos da evolução natural do disco e as várias vagas de redescoberta das suas origens (com nomes que vão dos Deee Lite ou M People, de Lindstrom e tantos outros mais no presente), o disco tem-se revelado, afinal, como uma das mais resistentes e revisitadas entre as formas musicais nascidas nos anos 70. Afinal, o berreiro xenofóbico que fez a notícia e cantava a morte do disco naquele estádio, em Chicago, a 12 de Julho de 1970, mais não fez que dar a esta música as fundações para uma vida mais longa, mais visível e mais feliz...