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A prestigiada editora Criterion lançou uma nova edição de O Último Ano em Marienbad (1961), de Alain Resnais. Pela descrição disponível no respectivo site, parece ser mais um DVD de enorme exigência técnica e conceptual, apresentando o filme em cópia restaurada e enquadrando-o historicamente através de uma série de extras (incluindo uma entrevista com Resnais, gravada propositadamente para esta edição).
Quando pensamos em Marienbad, o mais desconcertante é que a sua ousadia formal e narrativa persiste sem uma ruga, como se o cinema se mantivesse nessa antecâmara estética em que vislumbra a hipótese de escapar a todas as regras do romance do século XIX. Peter Greenaway gosta de dizer que o cinema está “atrasado” em relação às outras artes, em particular a música e a pintura, que há muito se libertaram dos espartilhos clássicos. Será uma visão extremista e, no fundo, simplificadora. Em todo o caso, objectos como O Último Ano em Marienbad continuam a tocar-nos, não como referências nostálgicas, mas sim experiências eminentemente presentes.