Esta é uma imagem de A Necessary Music (EUA), filme de 20 minutos de duração realizado por Beatrice Gibson (tendo como narrador o compositor Robert Ashley), por certo um dos objectos mais fascinantes revelados pela 17ª edição do "Curtas" de Vila de Conde. Nele se cruzam palavras, histórias e memórias dos habi-tantes da Roosevelt Island (Nova Iorque, entre Manhattan e Queens), numa teia de musicalidades insólitas e envolventes.
A Necessary Music coloca uma das questões transversais desta edição do festival. A saber: que novas narrativas estão a nascer, ou podem ser geradas, numa conjuntura audiovisual em que os efeitos de contaminação (cinema/tele-visão/video) deixaram de ser uma excepção "ex-perimental" para passar a existir como um verdadeiro princípio de trabalho? A interrogação perpassa por vários títulos já vistos em Vila do Conde, incluindo o magnífico A Hora da Horação, da finlandesa Eija-Liisa Ahtila (neste caso tirando partido da divisão do ecrã scope em três partes, de acordo com uma lógica que não deixa de lembrar algumas experiências, quer em fotografia, quer em tela, de David Hockney).
Trata-se de saber, afinal, como é que este cinema "pervertido" pela proliferação de técnicas e plataformas de difusão acaba por regressar a uma energia contagiante e original. Aí, onde podemos redescobrir algum desejo de cinema.
Trata-se de saber, afinal, como é que este cinema "pervertido" pela proliferação de técnicas e plataformas de difusão acaba por regressar a uma energia contagiante e original. Aí, onde podemos redescobrir algum desejo de cinema.