Não vale a pena insistir sobre o lamentável comportamento de Manuel Pinho na Assembleia da República: custou-lhe o cargo de ministro e o assunto está arrumado. Mas creio que vale a pena observar que vivemos num conjuntura mediática que, além de transformar quase tudo em fait divers, professa um curioso conceito democrático da sua actuação face ao real (ou àquilo a que dá o nome de "real"...).
Assim, já vimos e revimos dezenas de vezes as imagens comprometedoras de Manuel Pinho, mas ninguém coloca a questão complementar (jornalística, afinal) que o seu gesto também suscita. A saber: Manuel Pinho reagia a quê? Ou ainda: o que é que o deputado Bernardino Soares lhe disse?
Não que as palavras de Bernardino Soares, fossem quais fossem, "legitimem" o comportamento de Manuel Pinho. Mas, já que querem transformar a cena política numa parada de anedotas mais ou menos burlescas, contem a história até ao fim — e, já agora, começando pelo princípio.