Sensação amarga: com o falecimento de Karl Malden — na sua casa em Brentwood, Los Angeles, contava 97 anos —, desaparece um dos derradeiros elos vivos com um dos períodos mais extraordinários do teatro e do cinema dos EUA. Malden foi um dos actores ligados ao Group Theatre, fundado por Harold Clurman, Cheryl Crawford e Lee Strasberg, em 1931, que funcionaria como uma espécie de ante-câmara histórica do Actors Studio — por lá passaram actores como John Garfield e Franchot Tone, a par de directores como Stella Adler e Elia Kazan. Por quatro vezes, Kazan o dirigiu no cinema: em Boomerang/Crime sem Castigo (1947), A Streetcar Named Desire/Um Eléctrico Chamado Desejo (1951), On the Waterfront/Há Lodo no Cais (1954) e Baby Doll/A Voz do Desejo (1956). Foi nomeado para o Oscar de melhor actor secundário com o segundo e terceiro desses filmes, tendo ganho com Um Eléctrico Chamado Desejo.
Os seus papéis do "homem-comum" distinguem-se pela capacidade de injectar nas personagens uma intensidade e uma verdade que as subtraía a qualquer cliché dramático ou moral, impondo-se como um dos grandes actores de composição do classicismo americano. Outros exemplos da sua vasta carreira: Ruby Gentry/A Fúria do Desejo (1952), de King Vidor, I Confess/Confesso (1953), de Alfred Hitchcock, All Fall Down/O Anjo da Violência (1961), de John Frankenheimer, Cheyenne Autumn/O Grande Combate (1964), de John Ford, e Patton/Patton (1970), de Franklin Schaffner. Nos anos 70, a série televisiva The Streets of San Francisco, com Michael Douglas, trouxe-lhe imensa popularidade. Um dos seus derradeiros trabalhos ocorreu, em 2000, noutra série, The West Wing/Os Homens do Presidente.
>>> Obituário em The New York Times.