domingo, junho 21, 2009

Para que servem os horários nobres? (cont.)

A propósito do post Para que servem os horá-rios nobres?, o SOUND + VISION recebeu um mail de João Cerca, tecendo interessantíssimas considerações sobre o que está para além dos mais imediatos efeitos práticos dos recursos específicos da televisão digital. Ou seja: em última instância, será a própria noção de tempo televisivo (porventura a sua fundamentação ontológica...) que estará em causa. Agradecendo a mensagem, aqui fica o essencial da sua argumentação.

>>> Não será apenas a possibilidade de gravar e assistir aos programas, quando o espectador entender, que vai alterar a noção de horário nobre. O que vai realmente "baralhar e voltar a dar" (se me permite a expressão) é a noção de tempo, a sua linearidade. Passo a explicar: enquanto que hoje em dia, com a televisão analógica, os programas são começo, meio e fim, a TDT vai buscar a interactividade, passando a bola ao espectador na escolha do caminho que o programa vai seguir. Será que os programadores, os guionistas (nem falo dos publicitários) vão estar à altura deste novo desfio? E os portugueses vão compreender e estarão preparados este novo conceito? Vamos ver se nos limitamos a transpor a barreira física sem pensar no modo de ver a televisão.