José Calvário, vítima de um acidente vascular cerebral em Novembro de 2008, faleceu hoje numa unidade hospitalar de Oeiras. Compositor e maestro ligado a alguns temas emblemáticos da música popular portuguesa, o seu nome surgiu publicamente em 1971, com a canção Flor Sem Tempo (com letra de José de Sottomayor e interpretação de Paulo de Carvalho), classificada em segundo lugar no apuramento para o Festival da Eurovisão (Menina, interpretada por Tonicha, seria a vencedora nesse ano).
Foi também ele o autor, com José Niza, de E Depois do Adeus, a canção interpretada por Paulo de Carvalho que, na madrugada de 25 de Abril de 1974, serviu de senha radiofónica ao Movimento das Forças Armadas. Desde o começo dos anos 90, o seu trabalho de composição passou, no essencial, pelo Reino Unido, tendo gravado frequentemente em Londres, nos estúdios de Abbey Road. José Calvário é uma referência modelar de um tempo da música portuguesa, certamente contrastado e contraditório, mas ainda não ferido pelos maniqueísmos entre o "sério" e o "pimba" que, já há alguns anos, favorecem o conflito pelo conflito, dispensando-se da defesa da pluralidade da criação e do mercado.
>>> Flor Sem Tempo, Festival da Canção da RTP (1971)
>>> Flor Sem Tempo, Festival da Canção da RTP (1971)