A actualidade televisiva faz-se tanto do momento político como do império do futebol — este texto foi publicado no Diário de Notícias (5 de Junho).
1. Primeiro ouvi numa rádio. Depois vi nas televisões. Manuela Ferreira Leite fazia campanha em Braga, no mesmo dia em que na mesma cidade se encontrava José Sócrates. Ansiosos e divertidos, os repórteres perguntam-lhe: “Se o encontrasse, o que é que lhe dizia?” A senhora responde de forma mais ou menos evasiva, com o pudor de quem, apesar de tudo, não quer castigar na praça pública os desmandos do infantilismo jornalístico. O episódio não tem nada de excepcional, antes ilustra uma regra: fazem-se reportagens para celebrar (ou provocar) o pitoresco, reduzindo a política a uma colagem de anedotas mais ou menos circunstanciais. Depois, com um ar um pouco mais sério, far-se-ão debates a perguntar porque é que os portugueses se mostram tão distantes da vida política.
2. O tempo de antena que tem sido dado aos candidatos à presidência do Sporting é um sintoma muito transparente do peso que o futebol adquiriu no imaginário televisivo. Escusado será dizer que o clube é irrelevante: já assistimos a fenómenos semelhantes com as eleições de Porto ou Benfica (Alguidares de Baixo está na agenda...). O certo é que, com alguma curiosidade e espanto, temos escutado sereníssimas especulações sobre os milhões de euros que se gastam e não gastam, que se deviam ou não deviam gastar... Se se tratasse de defender os tostões do cinema português, não faltariam vozes a denunciar o escândalo. E já que a televisão vive de perguntas “chocantes”, vale a pena sugerir mais uma: quantos filmes portugueses se poderiam fazer com o orçamento de um clube de futebol?
3. Hoje, na RTP2 [refere-se ao dia 5], é possível ver o filme Home – O Mundo É a Nossa Casa, do fotógrafo, cineasta e ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand. Trata-se de uma estreia absoluta que acontece em paralelo com a exibição do filme nas salas e também com o seu lançamento em DVD. Sinal dos tempos: esta é uma operação abrangente, “multi-plataformas”, cuja raridade importa sublinhar, tanto mais que é a defesa do planeta Terra que está em causa. Além disso, o ar menos poluído só pode contribuir para que se jogue melhor futebol.
1. Primeiro ouvi numa rádio. Depois vi nas televisões. Manuela Ferreira Leite fazia campanha em Braga, no mesmo dia em que na mesma cidade se encontrava José Sócrates. Ansiosos e divertidos, os repórteres perguntam-lhe: “Se o encontrasse, o que é que lhe dizia?” A senhora responde de forma mais ou menos evasiva, com o pudor de quem, apesar de tudo, não quer castigar na praça pública os desmandos do infantilismo jornalístico. O episódio não tem nada de excepcional, antes ilustra uma regra: fazem-se reportagens para celebrar (ou provocar) o pitoresco, reduzindo a política a uma colagem de anedotas mais ou menos circunstanciais. Depois, com um ar um pouco mais sério, far-se-ão debates a perguntar porque é que os portugueses se mostram tão distantes da vida política.
2. O tempo de antena que tem sido dado aos candidatos à presidência do Sporting é um sintoma muito transparente do peso que o futebol adquiriu no imaginário televisivo. Escusado será dizer que o clube é irrelevante: já assistimos a fenómenos semelhantes com as eleições de Porto ou Benfica (Alguidares de Baixo está na agenda...). O certo é que, com alguma curiosidade e espanto, temos escutado sereníssimas especulações sobre os milhões de euros que se gastam e não gastam, que se deviam ou não deviam gastar... Se se tratasse de defender os tostões do cinema português, não faltariam vozes a denunciar o escândalo. E já que a televisão vive de perguntas “chocantes”, vale a pena sugerir mais uma: quantos filmes portugueses se poderiam fazer com o orçamento de um clube de futebol?
3. Hoje, na RTP2 [refere-se ao dia 5], é possível ver o filme Home – O Mundo É a Nossa Casa, do fotógrafo, cineasta e ambientalista francês Yann Arthus-Bertrand. Trata-se de uma estreia absoluta que acontece em paralelo com a exibição do filme nas salas e também com o seu lançamento em DVD. Sinal dos tempos: esta é uma operação abrangente, “multi-plataformas”, cuja raridade importa sublinhar, tanto mais que é a defesa do planeta Terra que está em causa. Além disso, o ar menos poluído só pode contribuir para que se jogue melhor futebol.