Amália Hoje, projecto de Nuno Gonçaves (The Gift), com as vozes de Sónia Tavares (The Gift), Fernando Ribeiro (Moonspell) e Paulo Praça (Plaza), veio demonstrar duas coisas muito básicas: primeiro, que é possível transfigurar o fado de modo original e contagiante, sem ficar preso a subserviências mais ou menos "pitorescas"; segundo, que o imaginário fadista não é estranho à sensibilidade pop, podendo alargar as suas especificidades e fronteiras.
Escusado será dizer que Amália Hoje vale por si e ninguém pretende, aqui, favorecer a noção demagógica segundo a qual um determinado labor de criação deve ser avaliado, a posteriori, em função dos números do mercado (sabemos o que essa ideologia tem feito, por exemplo, ao cinema português e o pântano de equívocos e ilusões é imenso). Em todo o caso, a notícia aí está, cristalina e desconcertante: há cinco semanas no nº 1 de vendas do mercado musical, Amália Hoje ultrapassou as 20 mil unidades pelo que é, oficialmente, disco de platina.
Escusado será dizer que Amália Hoje vale por si e ninguém pretende, aqui, favorecer a noção demagógica segundo a qual um determinado labor de criação deve ser avaliado, a posteriori, em função dos números do mercado (sabemos o que essa ideologia tem feito, por exemplo, ao cinema português e o pântano de equívocos e ilusões é imenso). Em todo o caso, a notícia aí está, cristalina e desconcertante: há cinco semanas no nº 1 de vendas do mercado musical, Amália Hoje ultrapassou as 20 mil unidades pelo que é, oficialmente, disco de platina.
Quer isto dizer que, também na música, importa resistir às visões mais maniqueístas de um público global e amorfo que apenas procura o mais recente hit ouvido em FM... Temos, assim, um sucesso em que se combina o culto da memória e o gosto da experimentação — em termos simples, são dois vectores vitais de qualquer genuína dinâmica cultural.