É uma tradição já com 25 anos que vem do cinema, tendo neste intervalo criado um par tão esteticamente uno e complementar quanto o são Tim Burton com Danny Elfman ou David Lynch com Angelo Badalamenti. Dupla de referência do cinema grego, Theo Angelopoulos não imagina hoje as suas imagens sem a moldura de melancolia que brota da música plácida, arrepiantemente bela, de Eleni Karaindrou. Dust of Time, mostrado há poucas semanas na competição em Berlim, é a nova colaboração entre ambos, com banda sonora já em disco. Sem procurar a surpresa, a música de Dust of Time segue a linha de anterioes colaborações. O ambiente é invernoso, nunca tempestuoso. Apenas sombrio. Cruzam-se tradições clássicas com marcas de identidade cultural grega. Não falta o acordeão. Nem ocasional visita a afluentes do silêncio, numa descedência próxima de Arvo Pärt. Longe da excelência de Eternidade e um Dia ou O Passo Suspenso da Cegonha, uma boa banda sonora de... manutenção.
PS. Texto publicado na revista NS