O filme foi feito com apenas uma câmara... Essa escassez de recursos e uma equipa minimal terão ajudado a criar um ambiente de maior intimidade?
Creio que sim. Tornámo-nos amigos... Na maior parte das vezes que tivemos juntos eu nem sequer tinha uma câmara. Era um ambiente cool... Não pensávamos em deadlines nem timelines. É quando se começa a pensar no tempo que se perde muito deste clima...
Estar tão por perto permitiu-lhe talvez captar, com maior facilidade, imagens de família de grande intimidade...
Gostava que mais filmes sobre artistas mostrassem esse lado mais pessoal. Senti-me como se estivéssemos a fazer filmes caseiros. E quando comecei a montar o filme senti que havia ali mesmo algo muito pessoal. Estavam ali as suas histórias, contadas nas suas palavras, naquela sua voz... Queria fazer algo experimental. Descobrir algo através da lente da minha câmara. Aprender sobre a Patti. Interpretar com ela o que ali temos...
Descobriu mais que o ícone rock’n’roll?
Sim... Ela podia ser também uma grande actriz. É, na verdade, uma figura relativamente desconhecida. No filme procuramos a visão humanista. Não exploramos nada... Não há sexo nem drogas... É um filme sobre um ser humano, que mostra o que é o seu mundo.
O filme fala muito de memórias de pessoas que já não está entre nós. Como surgiu essa outra referência recorrente no filme?
Houve muitas histórias de perda na sua vida. Fazem parte da vida dela... Acompanhei-a inclusivamente em alguns desses momentos difíceis. Estive lá para a apoiar...
Quando decidiu que tinha material suficiente para fazer o filme?
Tivemos uma primeira conversa que definiu muitas ideias há algum tempo. E quando finalmente consegui o dinheiro para avançar com o projecto e arranjei que fizesse a montagem, era chegada a altura. Trouxe o material filmado e o processo levou depois perto de um ano. Começámos então a construir as cenas... Umas coisas funcionaram, outras não.
(conclui amanhã)